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A Maravilha de Mosher – por Michael Jackson

Prefácio à edição original do livro Radical Brewing

Michael Jackson (1942 – 2007), conhecido como “Beer Hunter” foi um dos mais importantes escritores sobre cerveja no mundo.

O mundo precisa desesperadamente de mais Moshers. Talvez, se tivéssemos mais Moshers, o Tigre da Tasmânia voltaria da extinção. Mike Tyson, em seu auge, poderia entrar no ringue contra Muhammad Ali. Nós poderíamos ver e ouvir performances dos grandes artistas que vieram antes da era do som gravado. Talvez eu pudesse estar agora mesmo bebendo uma cerveja pré-Lei Seca e tentando ouvir o Buddy Bolden tocar do outro lado do lago Ponchartrain. Ou eu poderia estar provando a Porter de Ralph Harwood em um pub londrino, ou uma India Pale Ale em um veleiro rumo a Calcutá.

Para ser sincero, eu só conheço um Mosher. É o Randy, palavra que, no Reino Unido, onde moro, significa se sentir sexy. Eu não sei nada de sua vida pessoal, mas há uma paixão no coração deste homem aparentemente quieto e gentil. Suas atividades são, provavelmente, uma ameaça à nossa moral. Paixão, imaginação e tenacidade desafiam a ordem estabelecida. Também a desafiam as pessoas cuja definição de progresso não é condescendência.

Quando adolescente, eu aprendi isso ao ver um programa de TV sobre um pub em Londres que tinha imagens de monges alegres nas paredes. O pub seria demolido para possibilitar o alargamento de uma estrada. No programa de TV, um poeta inglês de aparência levemente maluca argumentava que o pub era um templo aos prazeres da bebida e deveria ser poupado. Ele foi. O nome do poeta era Betjeman. Na época, eu pensei que nós precisávamos de mais Betjemans.

Nós não os chamamos assim; eles são conhecidos como conservacionistas. É uma pena. Eu prefiro chamá-los de Betjemans. Até agora, não existe um nome para pessoas que vão um passo além da conservação, e de alguma forma trazem de volta prazeres que haviam sido perdidos.

Um revivalista? Randy faz mais do que isto. Certa vez, ele e eu conduzimos uma degustação de estilos raros do norte europeu, usando exemplos que ele havia produzido. Um destes estilos era Grodzisk, da Polônia. Eu havia degustado o último exemplar comercial de Grodzisk; Randy só tinha lido sobre o estilo. Mesmo assim, ele fez uma cerveja parecida com a Grodzisk que eu provei.

Um arqueólogo de cervejas? Pessoas como o Randy conseguem encontrar algumas “receitas” antigas de cervejas esquecidas, mas elas são muito difíceis de interpretar. O cervejeiro do século passado sabia como era o gosto do malte do “Sr. Smith”, mas nós não. Nós também não sabemos as características dos lúpulos muito anteriores às variedades atuais.

Um estudioso? As pesquisas do Randy demonstram uma erudição diligente, e possibilitam um Jurassic Park de estilos de cerveja.

Então o que ele é? Ele é um Mosher.

— Michael Jackson

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